17 de junho de 2008

PULSEIRA ELECTRÓNICA VAI CONTROLAR BEBÉS


Pulseira electrónica vai controlar bebés de Lisboa

Os raptos de bebés mostram como os sistemas de segurança dos hospitais são falíveis. Não é preciso mostrar uma identificação para entrar numa maternidade. A Alfredo da Costa vai adoptar pulseiras electrónicas até ao fim do ano. E o Governo criou ontem um grupo para uniformizar normasHospitais, sem regras comuns, não pedem identificação a visitantesOs bebés que nascerem na Maternidade Alfredo da Costa no final do ano já deverão ser controlados através de pulseiras electrónicas. Este foi o sistema eleito pela administração daquela maternidade para garantir a segurança dos seis mil bebés que ali vêm ao mundo anualmente e evitar situações de rapto, como a que ocorreu este fim de semana, pela segunda vez, no Hospital Padre Américo, em Penafiel.Ao mesmo tempo que a maternidade lisboeta dá um passo em frente na segurança dos recém-nascidos, uma parte substancial dos hospitais continua a permitir a entrada de visitas e de pessoas estranhas ao serviço sem que lhes seja pedida uma identificação formal. Tal procedimento não está previsto nos regulamentos internos dos hospitais que, nesta matéria, gozam de autonomia, sem terem de obedecer a normas uniformizadas emanadas pelo Ministério da Saúde, como reconheceu o presidente do conselho de administração do Hospital Curry Cabral, Manuel Delgado, em declarações ao DN."Esperamos ter em funcionamento as pulseiras electrónicas até ao final do ano, o que nos permitirá monitorizar cada bebé", disse ao DN o director do serviço de pediatria da Maternidade Alfredo da Costa, que estima em cerca de 40 mil euros o custo total do equipamento. Apesar de considerar que os casos de rapto "são muito raros", Jorge Branco confessa olhar para estas situações com "alguma preocupação". Até porque, admite, "um local onde nascem seis mil bebés e por onde passa tanta gente é uma área apetecível para quem tem estes intuitos".Em todo o caso, o responsável assegura que já existe um "elevado nível de segurança" naquela unidade. "Todos as salas onde estão bebés, como as enfermarias, estão fechadas e só podem ser abertas por pessoal com cartão electrónico de acesso, como médicos, enfermeiros e técnicos de apoio social, sendo que nem todos os funcionários estão autorizados a entrar ali", explicou Jorge Branco.Quanto às visitas - e após o primeiro episódio de rapto em Penafiel - "os seguranças, em cada uma das três entradas e saídas, receberam orientações expressas para verificar as pessoas que abandonam as instalações com volumes de dimensões suspeitas", acrescentou. Essa é uma tentativa de melhorar a segurança, adicional ao sistema de video-vigilância.Mesmo em unidades privadas, como o Hospital da Cruz Vermelha, não vigora o procedimento de pedir a identificação formal, através do bilhete de identidade, por exemplo, segundo o DN apurou junto de fonte oficial daquela unidade hospitalar, onde nascem cerca de 600 bebés por ano. "Há seguranças no parque de estacionamento, na recepeção geral e no piso da maternidade, as pessoas devem dirigir-se a um balcão, mas dão o nome antes de entrar". Por existirem quartos individuais não chega nunca a acumular-se muita gente nas zonas de risco, observa a mesma fonte, que sublinha o facto de nunca o Hospital da Cruz Vermelha ter registado qualquer caso de rapto de bebés.Perante os casos de rapto e da aparente facilidade com que uma criança pode ser subtraída de um hospital, o Ministério da Saúde resolveu ontem mesmo criar um grupo de trabalho para definir normas uniformizadas de segurança a adoptar em hospitais com serviços de obsteterícia, neonatologia e pediatria. Tal como disse ao DN fonte oficial do gabinete da ministra da Saúde, Ana Jorge, o grupo de trabalho visa acabar com uma situação em que não existem orientações comuns e padronizadas. Aquela estrutura - cujos elementos ainda não foram divulgados - deverá reunir ainda esta semana, segundo informou o gabinete da ministra.
Noticia, DN

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